Agrofloresta / Vitifloresta

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O conceito de agrofloresta refere-se à associação de árvores e culturas ou animais na mesma parcela agrícola. É uma prática ancestral, difundida em todo o mundo e adormecida no Ocidente devido ao aumento da maquinaria agrícola e dos produtos fitossanitários, o que levou a um cultivo intensivo que requer a remoção sistemática de árvores. Estas práticas incluem culturas arvenses, gado (silvo-pastoralismo), culturas perenes como a vinha e a arboricultura.

A vitifloresta é a agrofloresta aplicada à viticultura e, por conseguinte, a associação da plantação de árvores com o cultivo da vinha. A agrofloresta na viticultura pode oferecer várias vantagens, nomeadamente através dos serviços dos ecossistemas como a melhoria da biodiversidade, incluindo o solo, a atenuação dos extremos climáticos, o armazenamento de carbono, a recuperação de biomassa adicional e a produção de madeira. Existem diferentes tipos de implementação de um sistema de vitifloresta: fileiras de árvores intercaladas entre fileiras de videira, sebes de arbustos que delimitam uma parcela ou intercaladas entre ilhotas de videira, árvores isoladas plantadas dentro da fileira de videira. As espécies de árvores ou arbustos e as distâncias entre linhas de árvores e filas de videiras podem variar e devem ser seleccionadas com base no objectivo do operador. (1)

Também deve ser tida em conta a competição entre árvores e vinhas. Esta competição pode ocorrer relativamente a vários recursos: água, nutrientes ou luz. Um estudo francês mostra que as árvores intercaladas com videiras não têm efeitos directos sobre a nutrição da vinha (2).

 

A associação de árvores numa parcela de vinha conduzirá a alterações no microclima das plantas da vinha:

   -  A sombra das árvores tem um efeito sobre a radiação recebida pela videira. Isto afecta particularmente as primeiras duas filas a norte da fila de árvores. (3)
   -  As árvores também irão alterar a circulação de ar: a redução da turbulência é eficaz numa distância de 2 a 4 vezes a altura da árvore no eixo dos ventos dominantes. A presença de árvores isoladas, particularmente quando estão nuas na base, pode contribuir para aumentar os fluxos turbulentos e levar a uma diminuição dos picos de temperatura no Verão, e a uma redução da duração da transpiração foliar (Thèse Juliette Grimaldi, 2019).
    - Alteração do ciclo da água nas proximidades: A reciclagem dos recursos hídricos profundos para a atmosfera ocorre, resultando num aumento da humidade relativa e no arrefecimento do ar. A água é aprisionada pela condensação da humidade (orvalho) e a chuva é interceptada (3-5mm). (1)

Na agricultura, uma parcela em agrofloresta é considerada a partir de 100 árvores por hectare. No entanto, na viticultura, é aconselhável plantar uma baixa densidade de árvores (30 a 40 por hectare). Neste caso, não há competição durante os primeiros 10 anos de co-plantio com base nos resultados do projecto Vitiforest (nenhum efeito sobre o vigor e composição das uvas). (4)

 

Poucas referências técnicas e económicas estão disponíveis para os sistemas agroflorestais, e muito menos para a viticultura. São destacados quatro tipos de impactos económicos: (i) o custo de plantação e manutenção das árvores, (ii) custos adicionais para a manutenção da vinha, (iii) lucros da valorização das árvores ou dos seus produtos, e (iv) amenidades e serviços ambientais, comparando um sistema de monocultura e um sistema de viticultura agro-florestal. (4)

 

Finalmente, a vitifloresta satisfaz, de um ponto de vista social, as necessidades crescentes dos consumidores de terem um produto de qualidade, com um impacto mínimo nos recursos naturais.

 

Efeitos "Adaptação" da Solução

Efeitos "Mitigação" da Solução

Positivos

Negativos

Positivos

Negativos

Sombreamento

Redução da Temperatura (ondas de calor)

Sem efeitos negativos sobres a produção nos primeiros 10 anos (4)

Potencial perda de rendimento por alguma competição entre a vinha e as árvores (luz, água e nutrientes, em particular quando as árvores são mais velhas) (5)

Sequestração de carbono -
   

 

 

 

 

 

(1) IFV, 2018. Itinéraires n°28 – Agroforesterie et viticulture.

(2) Assessment of biodiversity and agronomic parameters in two Agroforestry vineyards. Josépha  Guenser, Emilie  Bourgade, Marc  Vergnes, Thierry  Dufourcq, Séverine  Mary . E3S Web Conf. 50 01013 (2018) DOI:10.1051/e3sconf/20185001013

(3) Grimaldi, Juliettz and Fieuzal, Rémy and Pelletier, Charlotte and Bustillo, Vincent and Houet, Thomas and Sheeren, David Microclimate patterns in an agroforestry intercropped vineyard: First results. (2016) In: 3ème congrès européen de l'agroforesterie - EURAF 2016, 23 May 2016 - 25 May 2016 (Montpellier, France). https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/17543/1/EURAFIIIConf_Grimaldi_J_et_all_page_191_194.pdf

(4)  Bourgade, E., Alonso Ugaglia, A., Bustillo, V., Dufourcq, T., Grimaldi, J., Guenser, J., Montagne, V., Ranjard, L., 2020. VITIFOREST : Évaluation de l’impact de l’arbre agroforestier en contexte viticole 79, 471–497.

https://www.researchgate.net/publication/343017155_VITIFOREST_Evaluation_de_l'impact_de_l'arbre_agroforestier_en_contexte_viticole

(5) Bellassen V., Cardinael R., Mézière D., et al., 2019a. Développer l’agroforesterie dans les parcelles cultivées. In: Le potentiel de l’agriculture et de la forêt françaises en vue de l’objectif d’un stockage de carbone dans les sols à hauteur de 4 pour mille. (Coord. S. Pellerin), INRA.


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