Plantação de castas adaptadas: castas tardias, estrangeiras ou antigas castas

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Alterar as castas nas vinhas pode ser uma solução relevante para a adaptação às mudanças climáticas.

A escolha da casta permite fazer face a diversos efeitos das alterações climáticas: seca, calor, aumento da precocidade, alterações na composição das uvas (mais açúcar, menos acidez), migração de insectos / doenças e a aproximação de altas eventos climáticos de intensidade. Portanto, é possível aumentar a resiliência das plantações, modificando a variedade da uva de acordo com os contextos locais.

Podemos assim procurar plantar castas mais resistentes à seca, às doenças, tolerantes às altas temperaturas e posteriormente produzindo menos açúcar e mais acidez, sempre com a necessidade de responder aos gostos dos consumidores.

No mesmo terroir, várias estratégias são possíveis, envolvendo viticultores, viveiristas, assessores técnicos e investigadores:

  • Modificar a proporção de variedades de uvas existentes, mantendo aquelas que parecem ser mais adequadas. Por exemplo na região de Bordeaux, reduzindo a proporção de Merlot em favor de cabernet-sauvignon, uma variedade posterior.
  • Usar a variabilidade genética existente dentro da mesma variedade, selecionando clones mais bem adaptados. Por exemplo na Borgonha para Pinot Noir.
  • Modificar os porta-enxertos, mantendo as mesmas variedades de uvas, para atuação específica na adaptação à seca.
  • Explorar as castas autoctones e antigas ainda existentes em colecções ou de determinados viticultores, procurando castas que foram descartadas por serem tardias (dificuldade de amadurecimento) ou por historicamente estar associada a menor aceptibilidade por parte dos consumidores.
  • Testar e importar variedades de uvas cultivadas noutras regiões, por exemplo, mais quentes e mais secas. Por exemplo, projeto Vitadapt em Bordeaux.
  • Procurar coleções de castas existentes, mas pouco ou nada utilizadas (por exemplo Domaine de Vassal).
  • Usar novas variedades de uva desenvolvidas artificialmente, em particular híbridos resistentes a doenças que também apresentem características interessantes para adaptação às mudanças climáticas.

Mesmo que “a” variedade que atende a todos esses critérios seja indubitavelmente utópica, novas perspectivas são oferecidas graças aos avanços da ecofisiologia e da genética. O sequenciamento genético da videira permite caracterizar melhor as castas existentes e acelerar a seleção varietal (convencional) através da identificação direta dos genes associados às características pretendidas. Mas devemos contar também com a existência de uma grande diversidade de variedades, grande parte das quais se encontram em conservatórios.

 

Em Portugal, a PORVID - Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira apresenta um trabalho interessante neste sentido.


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