Colaboração e abordagens participativas às Alterações Climáticas

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São utilizados métodos participativos quando um problema é demasiado complexo para que uma pessoa ou instituição o possa resolver por si só. Nos métodos participativos, uma resolução bem sucedida de um problema ou desafio inclui, necessariamente, contributos e acções de um vasto leque de intervenientes.

É importante um alinhamento de interesses, o que significa que as pessoas envolvidas se preocupam suficientemente com as Alterações Climáticas e levam a sério as suas consequências para as tentar combater, reconhecendo a necessidade de uma acção e tomada de decisões rápidas.

Tendo em vista a capacitação para o desenvolvimento de soluções climáticas, principalmente através da disseminação do conhecimento, os eventos participativos MEDCLIV devem combinar várias características para que tal conhecimento possa ser transposto para a prática pelos participantes.

Alguns dos principais critérios para a concepção de eventos participativos devem considerar:

Envolvimento activo dos utilizadores: o objectivo é capacitar os actores da cadeia de valor da vinha e do vinho, para que possam desenvolver/adoptar soluções inovadoras que tenham impacto e promovam a mudança do sistema;

Cenário real: o olhar sobre um território concreto, onde a indústria vitivinícola é relevante (ex. uma região vitivinícola) proporciona condições de contexto reais que permitem o envolvimento entre os intervenientes que partilham os mesmos desafios;

Participação de múltiplos interessados: é essencial que estejam envolvidos diferentes perfis de interessados, tais como autoridades municipais, organizações não governamentais, organizações comunitárias, pequenas e médias empresas, empresários, estudantes, profissionais, promotores, decisores políticos e outros cidadãos;

Abordagem multi-método: a utilização de diferentes métodos e ferramentas participativas aumenta a taxa de participação, onde cada agente pode escolher a melhor ferramenta para o seu perfil e necessidades;

Co-criação: os utilizadores finais (agentes do sistema, partes interessadas) precisam de ser activamente envolvidos e contribuir igualmente para a criação, ser envolvidos como actores, e não apenas como sujeitos de estudos. Ao criar eventos participativos, recomenda-se a adopção de uma abordagem bottom-up para a resolução de problemas;

Feito à medida: Para serem significativos, os eventos participativos precisam de ser personalizados de acordo com as necessidades do ecossistema local. Os aspectos mais relevantes a considerar na personalização são os temas e problemas a abordar, as expectativas e aptidões dos participantes, a duração e disponibilidade de tempo adequados e mesmo o tipo de resultados resultantes do evento. Por exemplo, num evento local podemos ter "campeões locais" divulgando os seus conhecimentos a outros interessados, enquanto noutro evento toda a comunidade pode precisar de um momento de ideação para desenvolver uma solução para um problema comum.



Desafios

Tendo como objectivo um ecossistema de inovação aberta orientada para o utilizador no sector da Vinha e do Vinho, e considerando os utilizadores finais como os principais "proprietários do conhecimento", é também importante destacar alguns dos estrangulamentos que podem afectar o nível de colaboração. Num sentido lato, os aspectos mais significativos são os esforços de envolvimento e a salvaguarda da inovação gerada.

Brant e Lohse (2014) descrevem bastante bem estes desafios ao mencionar que "Um modelo de inovação aberta pode implicar uma série de custos de transacção, incluindo a necessidade de se envolver em esforços para encontrar os parceiros certos, para coordenar intercâmbios, e para gerir a complexidade e o risco (Enkel et al. 2010). São necessários investimentos para construir rotinas e confiança com os parceiros ao longo do tempo, bem como para pôr em prática e gerir processos eficazes de conhecimento e gestão da Propriedade Intelectual (Pénin et al. 2011). Uma dificuldade particular na inovação aberta é a valorização do conhecimento; a este respeito, a incerteza pode complicar o licenciamento e outras transacções tecnológicas (Dahlander & Gann 2010; Enkel et al. 2010)".

A salvaguarda da inovação gerada está relacionada com a errada concepção de que a inovação aberta é algo livre. Apesar da inovação aberta implicar a partilha de conhecimento com os parceiros, o que implica incerteza e risco significativos, particularmente para as organizações lucrativas, a Propriedade Intelectual (PI) e a inovação precisam de ser protegidas. Podem e devem ser preparados memorandos de entendimento e acordos de não divulgação, bem como modelos de negócio que possam assegurar a sustentabilidade (pelo menos parcial) de tais processos.

Os esforços de envolvimento, por outro lado, estão relacionados com a necessidade de trabalhar na conectividade entre agentes, melhorando os canais de comunicação e desenvolvendo terreno comum para visões partilhadas, alinhando interesses e promovendo actividades convergentes sem sobreposição de missões individuais e espaços de trabalho.

A colaboração deve ser encarada como uma das principais vias para a Inovação Climática, tanto ao nível da adaptação como da mitigação, uma vez que apenas através do trabalho conjunto dos diferentes agentes e da participação generalizada em novos processos será possível uma adopção generalizada de práticas e técnicas de adaptação e mitigação.

 

 

Recursos:

  • Brant, J. & Lohse, S. (2014). The Open Innovation Model – Research Paper 2. International Chamber of Commerce (ICC)


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